Aquele vazio

1d283bdc6e02e30807a2ece963777c83Aquele primeiro vazio que dá ao ver as portas do guarda roupa vazio, ao tirar a última peça de roupa da gaveta e de preencher todo o espaço na mala e, aquele espaço em que eu vivera e conhecia a anos, gostava e desgostava, já não seria mais meu. Deu um friozinho na barriga, aquele que vem quando o “novo” surge… mas acho que é natural. Logo, as roupas que tinha tirado de um guarda roupa, já tinham seu espaço nas novas gavetas e até o final do dia tudo tinha tomado seu espaço. E, apesar da nova casa ter sido montada do nosso jeitinho, ainda – obviamente – não conseguia chamar de lar.

guardaroupaTodos esses vinte e seis anos vivendo com meus pais, fazendo muitas coisas pensando em família, dividindo quarto e tarefas, brigando, levando bronca e poucas vezes ficando sozinha em casa. É muito difícil desapegar do que já conhecemos, mas já era hora de mudar… A partir desse momento era hora de viver a vida a dois, no nosso canto, com as nossas manias e nossas (im)perfeições.

Nesse dia – 21 de fevereiro– o dia  em que oficialmente tudo mudou, muitas lágrimas rolaram. De alegrias de quem está dando um novopasso, de tristeza para os pais que não queriam cortar o cordão umbilical tão “cedo”, de medo do desconhecido e de toda a insegurança que estava dentro de nós. Todo mundo chorou um pouco, mas deixamos pra desabar e desabafar no final do dia, em volta da mesa na “outra casa”, comendo uma última pizza e trocando lembranças de algumas das muitas alegrias vividas, histórias de quando eu era criancinha e algumas desavenças que tivemos no passado.

Depois de muitas lágrimas e conversa, fomos em rumo ao nosso novo lar… Com o coração na mão, mas o peito aberto para as novas coisas que estarão por vir.