Bullyng não é MIMIMI

Essa semana estava circulando nas redes sociais a tag #BullyngNãoÉMimimi. Alguns casos de pessoas vitimas de bullyng contando suas histórias e outros casos de pessoas que acabaram praticando o suicídio. Muita gente fala “aí, mas é só brincadeira”, “agora tudo é bullyng, não pode mais zoar com ninguém”, “essa geração é muito mimimi, leva tudo ao pé da letra”, entre outras peripécias que você já deve ter ouvido ou falado. Bullyng é um assunto sério e por isso o textão de hoje vai ser esse.
Quando eu era criança eu sofri bullyng. Eu era bem magrinha (até os 18 tinha nem 50 kg) e naquela época ser muito magro não era bonito. Eu era bem nerds, gostava de estudar (ou talvez por pressão dos meus pais), a primeira da classe. Fui a primeira aluna da classe a aprender ler, tirava notas entre 9 e 10 quase sempre. Não era – e não sou – boa em esportes e por isso nas aulas de educação física era uma desengonçada. Isso era mais do que motivo para muita gente pegar no meu pé. Me chamavam de magrela, me faziam sentir mal por isso e como conseqüência disso, até sair do colégio não vestia saias ou vestidos. Era muito insegura nas minhas amizades, pois a maioria das crianças eram minhas “amigas” em época de provas e trabalhos e depois que isso passava, voltavam a fazer piadas sobre mim. Por muito tempo fui insegura com meu corpo e minhas escolhas, sempre quis fazer parte de um grupo legal e acabava fazendo algumas coisas não muito legais. Usei muito da grosseria, ficava batendo boca e discutindo como auto defesa, mas no final do ensino médio acabei achando uma turma legal e levo amigas de lá até hoje.
Minha história até que teve um final feliz, depois que cresci passei a me importar cada vez menos com as opiniões das pessoas, comecei a me sentir bem comigo mesmo e me vestir e fazer o que bem entendesse. Hoje com quase 30 me sinto mais bem resolvida, mas ainda tenho minhas crises de inseguranças e aprovações que tenho que trabalhar na minha cabeça. Muitas histórias não tem esse final, muitas pessoas são inseguras a vida toda, muitas pessoas se fecham para o mundo e perdem a confiança e a capacidade de fazer amigos. Nos casos mais extremos, acabam em depressão, distúrbios mentais e comportamentais e até mesmo em suicídio.
Criança nenhuma quer ficar sozinha e cá entre nós, nem adultos. Ninguém gosta de sentir que estão rindo de você e que estão te excluindo por suas características, pelos seus defeitos. Tem vezes que não dá pra fingir que nada aconteceu, pois isso mexe com nosso psicológico e nos faz questionar nossos corpos, nossas feições, nosso comportamento, nos faz questionar coisas que provavelmente continuará com a gente para sempre. Bullyng acontece nas escolas, na faculdade, no trabalho, na vida. Não é proibido fazer brincadeiras, aliás elas são ótimas para descontrair e ter um clima bom entre todos, mas a linha tênue entre fazê-las com más intenções e em excesso geram conseqüências e é isso que devemos refletir. Coloque-se no lugar do outro, empatia é a palavra para combater.