cética, eu?

a terceira semana que passou foi a semana do ceticismo. acabei estendendo por mais uma semana, porque não senti que estava praticando direito, e aí não ia adiantar passar pra semana seguinte sem ter ao menos experienciado o ceticismo. minha vida é um tanto parada pra eu sentir profundas transformações em tão pouco tempo. como trazer o ceticismo pra uma vida a dois numa semana que normalmente é bem blasé? com sorte, o processo de auto descobrimento que venho passando na análise, me ajudou a praticar o ceticismo - e tantas outras coisas - essa semana.
o ceticismo argumenta que não é possível afirmar sobre a verdade absoluta de nada, é preciso estar em constante questionamento, sobretudo, em relação aos fenômenos metafísicos, religiosos e dogmáticos.
apesar de ser a base estar em constante questionamento, confesso que muita coisa acabei fazendo no automático, mas pensamentos mais profundos eu comecei a correr atrás de respostas. estava nessa semana cética lendo o livro " Todas as cores do céu - Amita Trasi", um livro muito bom e também muito pesado, que conta a vida de uma menina indiana que é de uma casta inferior e quando criança é sequestrada e levada a trabalhar num bordel até quase o fim de sua vida. um livro que me fez pesquisar e querer entender como todo esse acontecimento (apesar de ser uma história fictícia, é uma história que permeia a realidade) é tido como normal em uma sociedade hoje, tida como democrática. o meu ceticismo me fez me questionar também porque essa dor - que é também de muitas mulheres - doia em mim e tentar descobrir alguma das minhas feridas. e daí também comecei a entender (ainda que um pouco) sobre a dor e o amor e de como eles podem se correlacionar, se misturar e nos levar a grandes círculos de repetições. talvez eu sempre tive o ceticismo dentro de mim, se o ceticismo também pode ser entendido como curiosidade e dúvida eterna. dentro de mim sempre uma voz se pergunta os porquês, e tenta fazer ligações e questionamentos. quando criança era tal qual o Zequinha do Castelo Rá-Tim-Bum e lembro de quando saia procurando o porque das coisas em livros, objetos ou observação (das formigas, árvores, natureza), eu me sentia uma pequena detetive desbravando o mundo. enfim, continuo levando a cética que já existia dentro de mim pra frente, porque uma coisa é certa, não há verdade absoluta sobre nada. ou não é?