A grande (des) importância de estar ocupado

No meu ultimo emprego, uma característica comum das pessoas era o fato de elas sempre estarem ocupadas. Não de fato estarem ocupadas, mas sim de sempre falar que estavam. Se encontrava alguém no elevador ou no corredor, logo vinha a conversa:
“-E aí? Como tão as coisas?
-Tá puxado demais, e pra você?
– Nossa, muito enrolado… Sabe como é né?”
E cada um ia pro seu lado, pra sua enrolação, pros seus problemas. Mas a pergunta é: O quão ocupadas realmente as pessoas estão? Ou pior: O quão importante é estar ocupado?
No ambiente corporativo aparentemente é muito importante estar ocupado. Você não pode estar de boa, com tempo livre ou dentro do prazo. Você sempre tem que estar correndo atrás de alguma coisa, abarrotado de trabalho que não te deixa nem falar “bom dia” para o colega de mesa, tem que almoçar rápido, repetir várias vezes que está ocupado para ninguém ter dúvidas que você trabalha muito.
Ficar mais das 8 horas obrigatórias nas empresas, sair pra reuniões, ficar o dia todo no telefone fazem parte do roteiro de como se mostrar ocupado, de como se sentir necessário e de como entrar para do sistema.
E no fundo no fundo ninguém está ocupado todo o tempo e nem todos os dias, mas faz parte do teatro. Você não está ocupado de verdade, talvez em alguns momentos do dia, mas não o dia inteiro, e se alguém pergunta “Como estão as coisas?” você automaticamente responde que não está fácil.
Mas porque é tão importante? Não é na verdade.
É só mais uma vez o mamute da nossa cabeça fazendo manter as aparências, fazendo com que seja mais importante “estar ocupado” do que ser quem você realmente é, do que responder o que realmente quer. Ou pior, é querer parecer que estar trabalhando muito para parecer superimportante.
Aliás, termino aqui com uma proposta provocativa: quando alguém parar e te perguntar “como tá o trabalho?”, você responder: “Tudo tranquilo” e ver a reação das pessoas. Acredite, elas passarão a te olhar diferente.