um texto sobre nada

um texto sobre nada

Eu sento pra escrever e as palavras somem, desaparecem. Praticamente esqueço dos meus pensamentos, que esperam eu deitar cansada no travesseiro, pra atravessar meu sono e me deixar agitada antes de dormir. Eu já tive insônia por alguns meses e agora posso dizer que meu sono está regular. Mas como todo (ou a maioria) dos seres humanos, quando deito na cama e relaxo, sou imersa pelos mais variados pensamentos: será que amanhã vou conseguir fazer o que eu quero? Será que estou conseguindo estudar o tanto que preciso? Ich bin total verrückt. Tem um legume na geladeira que tá pra estragar mas dá uma ótima sopa. Mas amanhã não vai fazer tanto frio assim. Vou aproveitar o sol da tarde, mas isso não vai comprometer um dia de produtividade? RESPIRA, tenta meditar um pouco, se concentra que o sono vem. Uma hora esqueço de tudo e ele realmente vem. Sempre achei meio louco isso da gente tem que fingir que está dormindo pra conseguir dormir de verdade. Todas as nossas ações são diretas: eu não finjo que estou comendo pra ter fome, não finjo que estou bebendo pra ter sede, mas eu finjo que estou dormindo pra dormir. Acho meio anti natural isso, ir dormir sem sono. Claro que não estou gastando todas as minhas energias. Tô aqui dentro de casa, me exercitando o mínimo - sorte a minha de ter um cachorro que exija um passeio de 1 hora por dia, porque senão nem isso. Não me sinto cansada fisicamente, poucos dias (nos últimos dias) tenho ficado cansada. Nada de novo num mundo entre quatro paredes. Tento me alienar das notícias tristes que aparecem no mundo: ricos furando filas da vacina, médicos furando braços mas não vacinando, pessoas fiscalizando o lixo pra que ninguém "roube" a comida que sobrou. É, tá foda. Meu Netflix é floreado por séries água com açúcar ou séries e filmes nostálgicos. Nada que exija muito do meu cérebro que sinto cada dia mais derretendo. RESPIRA de novo. Os livros continuam sendo meus melhores amigos e, apesar de estar lendo numa velocidade menor do que a do ano passado (e isso não significa absolutamente nada), eu sinto que esse ano tem sido de boas escolhas. Marcos, meu terapeuta, diz que eu acabo escolhendo os livros que contam as histórias de algum momento que venho passando ou alguma ferida aberta. Acabo me apropriando de algumas histórias pra contar a minha ou pra pelo menos tentar enxergar de um outro ponto. Ele pode ter certa razão. Eu sentei aqui com a ideia de falar sobre alguma coisa, mas sabe como são os pensamentos, eles vêm e vão e dessa vez se foram. Fica aqui uma bela reflexão sobre o nada.

Pra ouvir:

Ultimamente ouvindo pouco podcast - cansei desse jeito que as pessoas se reunem e viram grande especialistas de tudo. Talvez seja recalque já que eu não me reúno com meus amigos faz um tempo, é provável. Mas recentemente descobri o podcast Calcinha Larga com mulheres discutindo temas importantes ou não sobre amizade, maternidade, amor e muitas situações que mulheres passam/passaram. Toda semana traz uma convidada e toda quarta feira no Spotify.

Sigo procurando novas - ou velhas - músicas ou playlist pra ouvir, mas tudo vem me frustrando ultimamente. Mas a live da Bethânia que passou esses tempos atrás na Globo (e talvez se encontre em algum canal de Youtube), me fez reapaixonar por essa mulher com uma potência que vaza, que inspira.

Pra ler:

Eu percebi meu corpo diferente, percebi que engordei mais do que normalmente engordo e fiquei triste alguns dias por isso. Por engordar, talvez nem tanto. Ainda assim sou uma mulher padrão. Mas por essa pressão estética que persegue a gente (mulher) sem que percebamos. Caí no truque de me olhar e me perceber mais gorda e me achar feia, e achar que devia parar de comer, que devia me exercitar (isso eu devo mas por questão de saúde). Ainda é (e creio que vai ser por muito tempo) a forma automática de agir, mas na mesma semana que me senti assim, a revista Gama lançou o tema semanal Seu corpo suas regras com uma sequência de artigos que trazem uma reflexão.

Além disso, pra todas as mulheres é importante a leitura do livro O Mito da Beleza que conta sobre a construção da pressão estética o tempo todo pelo sistema. Não estamos livres e temos que entender que o sistema foi feito pra ferir a mulher o tempo todo.