Já não é o mesmo rio

Já não é o mesmo rio

Acho que Heráclito quem fala (de acordo com o google e uma pesquisa safada) que ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, já que quando entramos nele novamente, o rio já se modificou. Diferentes águas estão passando a todo momento, tudo é novo. Assim que me senti nessa ida e volta de Berlim pro Brasil, e vice-versa.

Já se passou mais de um mês dessa viagem e ainda não sei dizer se faz muito ou pouco tempo, porque algumas coisas foram acontecendo no meio do caminho.

Foram cinco anos depois de sair do Brasil que voltamos pra visitar.

Estava esperando esse momento, pra dizer a verdade até com certa ansiedade.

Minhas raízes, família, amigos, minhas boas memórias - que ao final das contas são as memórias que a gente quer lembrar.

Casa.

Seria como voltar pra casa? E voltar pra casa seria tão bom assim?

Nesse mês rolou muita intensidade.

Encontrar todo mundo em um curto espaço de tempo, conversas rápidas, encontros rápidos.

Não sei dizer se foi corrido. Também não senti que faltou, não senti que sobrou.

Só senti que foi passagem.

Passou rápido.

Carinho, conversas, trocar laços.

Costurar afetos através de comida, de praia, de mar, de música.

Fui pra matar a saudade.
Mas tive que matar num gole só.

Achei que descobriria mais de mim, mas sai com mais nós dentro de mim.

E ai, 24 dias depois e alguns voos cancelados no caminho, chegamos em Berlim, nossa casa.

E essa que era pra ser minha casa, minha cara, a extensão da minha cabeça, meu acolhimento, entrei e era outra.

Fui e voltei e me senti desconectada nesse meio do caminho, nesse emaranhado de fios que vai composto a  minha vida. Fui e voltei e me sinto tal qual como Heráclito disse “voltando aos mesmos lugares que já não são mais os mesmos.”.

Eu não sou a mesma.

E nesse hiato tento descobrir ainda quem eu sou.