Menino Pickles

Ah, o menino Pickles – que na verdade não é um menino, é um cachorro, mas até ai são detalhes. Nunca tive experiência com cachorro. Na verdade, sempre tive medo de cachorro. Minha mãe sempre me conta histórias de que me atirava em frente a carros e ônibus se um cachorro viesse em minha direção. Ou que já pulei na barriga da minha tia grávida com medo de um cachorro que sequer sabia da minha existência.
Mas enfim, coisas que crianças fazem – eu acho. Depois que cresci, ainda mantive esse medo dentro de mim, mas sempre quis ter um cachorrinho pra chamar de meu, mas meus pais já não queriam mais. Então, depois de mudar de casa, acabamos pegando o menino Pickles.
As vezes fico pensando que ele entrou na minha vida pra me ensinar a ter paciência. As vezes penso que foi só pela alegria mesmo. Pickles é bem espirituoso, bem independente e bastante cabeça dura, que me lembra bastante eu quando era criança (que também me leva a pensar que meus pais tiveram uma puta de uma paciência).
Teve vezes que chorei por tão pirracento que ele foi, que fiquei brava pelas mordidas dadas em brincadeiras. Noites com sono interrompido por chorinhos pra subir na cama, por cheiro de coco na cozinha ou por falta de sono da parte dele. Muitos jantares com pedidos de comida, alguns chinelos mastigados e meias roubadas.
Mas ainda assim, não conseguiria viver hoje sem o aconchego pelas manhãs, a euforia ao chegar em casa, a felicidade dos passeios do parque, a carinha de dó quando faz algo errado. Dá trabalho? Muito. Eu não gostava de Pickles antes, mas hoje ele é uma das coisas que mais amo e não posso viver sem.