Não foi só um corte de cabelo

Era pra ser um post falando que uma cabeleireira pesou demais a mão no corte, mas no final virou um post de autoconhecimento. Essa história baseada em fatos reais. Algumas vezes eu fico com um fogo no cu desgraçado e faço as coisas no famigerado impulso. Semana passada comecei a namorar um corte de cabelo curtinho e o desejei mais do que cerveja gelada em dias de calor excessivo. Olhei cortes, rostos, poses, salvei várias ideias em boards do Pinterest e na mesma semana consegui horário no cabeleireiro pra passar a tesoura.
Há muito tempo meu cabelo é comprido. Em meados de 2009, quando ainda estava na faculdade, cortei o cabelo bem curto, acima dos ombros, mas depois desse corte revolucionário, só usei longo. Meu ultimo corte foi o famoso long bob, ou seja, tava curto mas ainda assim, tava longo.
Minha cara já tava na mesma há muito tempo e eu queria uma cara nova, e como dinheiro pra plástica nóis num tem, o corte com certeza resolveria esse problema. Falei com a Pree (a cabeleireira) e ela me conhecendo perguntou se era isso mesmo, se podia cortar, como ia usar, etc.. Eu tava muito empolgada e falei pra ela mandar a ver, só que no primeiro corte – caminho sem volta – já me deu um arrepio no coração. Toda a coragem foi embora e só ficou insegurança, desconforto e agonia.
CARA CADÊ MEU CABELO?
Acho que no fim do corte ela percebeu que eu tava meio triste, percebeu que eu talvez não tivesse curtido tanto. Me mostrou as opções de como usar, me deu a opção de me livrar das garras da chapinha e progressiva, me mostrou o empoderamento de um curtinho e a beleza, mas confesso que na hora estava em choque. Não consegui gostar muito, mas não tinha mais o que fazer era eu aceitar o cabelo e esperar crescer.
Tava bonito, tava legal, eu queria exatamente assim, mas fiquei me perguntando o porque eu não tinha gostado. Cabelo novo, cara nova, não precisava mais ficar alisando, os quebrados da tintura e progressiva saíram quase que tudo, e um cabelo que posso usar de vários jeitos.
A gente tem no nosso subconsciente (ou no consciente mesmo) que bonito é ter cabelos longos, loiros, lisos e esvoaçantes, cabelos das modelos e atrizes. Mas obviamente isso não é verdade. Em todo o contexto se tem beleza e isso é uma coisa que temos ter na nossa cabeça para nos livrarmos dos esteriótipos que estão por aí. Uma pesquisa conduzida pela Dove, 9 em cada 10 mulheres se sentem pressionadas a usar o cabelo de certa forma que agrade a sociedade, padrões ditados pela mídia, parceiros ou familiares, mas que não necessariamente atendem suas vontades pessoais.
E aí depois disso vi como tava sendo besta otária, que cabelo é só cabelo, que o curtinho é lindo, que eu tava livre dessa beleza imposta (que também é bonita, desde que a pessoa esteja bem com ela). Tirei da cabeça o que me impedia de me enxergar como eu queria e percebi que estava melhor do que nunca. Mudar de cabelo não só meu deu um novo visual, mas também me deu um novo pensamento, me deixou mais bem resolvida comigo mesmo (e rendeu um post, olha só haha). Confiança e auto estima tem que estar na gente, e esse corte me fez lembrar ainda mais disso. Cada um deve viver sua beleza.