procura-se: energia

procura-se: energia

Estou a duas semanas me sentindo sem energia. Estou com as vitaminas em dia - eu acho - e comendo bem (não se preocupe, mãe). Só me resta culpar o lockdown, mesmo sabendo que pode ser uma culpa atribuída injustamente, já que, sigo faz um tempo nesse ciclo doloroso, apesar de necessário, que é o auto descobrimento. Mas minha culpa ao lockdown se deve ao fato de eu ter me permitido mais uma vez me emaranhar dentre as notícias catastróficas da covid pelo mundo. Fiz isso em março do ano passado. Eu e muita gente. Paralisei de ansiedade, de tristeza e de nervoso diante dos fatos que iam surgindo e, mais uma vez, me pego fazendo a mesma coisa. Da primeira vez foquei minha atenção em cuidar de mim, em fazer uns cursos pendentes, colocar o papo em dia com quem tava longe e me enfiei na cozinha mais do que nunca, pois já me é um lugar de refúgio em dias normais. Mas dessa vez me sinto sem vontade, sem foco, como se realmente as energias saíssem do meu corpo junto ao suor. Falta exercício, eu sei, mas também falta aquela troca de energia com outras pessoas. Sabe quando a gente só precisa de um colo de mãe pra seguir em frente? Ou um abraço amigo, cheio de desabafos de coisas cotidianas. Encontrar quem a gente gosta e rir até chorar. Qual foi a última vez que você chorou de rir? Pra mim, parece que é uma coisa que não faço a muito tempo. Essas pequenas grandes coisas que vão carregando a energia durante a vida e hoje me faltam. E ainda vão faltar por um tempo. São coisas que o Zoom, Skype ou Whatsapp não preenchem. E nessa avalanche de notícias que tem no mundo, como falar dessa falta que eu sinto sem parecer tão efêmero? Sem parecer o choro de uma criança mimada que quando não tem o que quer fica de mau humor? Assim como todo mundo sigo enfrentando as adversidades que o corona trouxe (mas diferente de muita gente, dentro de uma bolha de privilégio absurda). Cabe a mim encontrar um jeito de resgatar essa energia dentro de mim.


Pra refletir sobre o mundo

Semana passada assiti o filme Cafarnaum (2019). Um menino libanês de 12 anos foge de uma família abusiva e negligente. Depois de cometer um crime, é preso e dentro da prisão resolve processar os pais. É um filme dramático, doloroso, profundo e necessário pra gente enxergar a complexidade dos problemas criados pelo sistema. Um filme sobre abandono, não só dos pais sob o filho mas sobre o estado sobre as pessoas.

"Quero que os adultos me ouçam.
Que aqueles que não são capazes de criar seus filhos, não os tenham.
Do que eu vou me lembrar? Da violência, dos gritos? Dos palavrões? Das correntes, da cinta ou das chinelas?”

Pra ler e aprender

Terminei depois de algum tempo, o livro Cisnes Selvagens - Três filhas da China (Jung Chang). O livro conta a história de três gerações de mulheres chinensas (avó, mãe e filha) e toda história que a família passa desde os tempos feudais até a morte de Mao Tsé-Tung. São relatos verdadeiros, cobertos de luta e sofrimentos do ponto de vista feminino. Eu que não sabia a história da China, fiquei envolvida e bastante surpresa, pois no final das contas, aprendemos só a visão eurocentrica da histórica e pouco se sabe sobe o oriente.

“…Em praticamente toda escola da China, os professores foram ofendidos e espancados, às vezes fatalmente. Alguns colegiais estabeleceram prisões onde os professores eram torturados"